Mulheres Portuguesas excitam-se sem dificuldade

04-09-2012 14:25

 

Portuguesas excitam-se sem dificuldade

Estudo sobre a resposta sexual feminina diz, no entanto, que a maioria inicia relações sexuais sem desejo.

Gostaria de saber como se comportam as portuguesas a nível sexual? Como vivenciam a sua sexualidade? Foi isso que procurou saber Ana Alexandra Carvalheira, psicóloga clínica e investigadora do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), com o “Estudo Português sobre a Resposta Sexual Feminina”. A investigação, realizada junto de 3687 portuguesas, mostra que a diversidade é, afinal, a palavra de ordem.

Começando então pelo princípio, qual será a predisposição das portuguesas para iniciarem uma relação sexual? Diz o estudo que a maioria das mulheres portuguesas heterossexuais que vivem relações de compromisso inicia as suas relações sexuais sem desejo. Contudo, depois de as iniciarem, excitam-se sem dificuldade (51.6% ocasionalmente, 34.3% muitas vezes ou sempre e 14.1% nunca), chegando cerca de 43% das mulheres a terem quase sempre orgasmos.

Segundo a autora, «estes dados mostram a diversidade da resposta sexual feminina. Mostram ainda que muitas vezes as mulheres iniciam a relação sexual sem desejo sexual, sobretudo nas relações de longa duração, mas se houver um contexto adequado e se receberem estimulação suficiente, a mulher consegue níveis de excitação sexual para continuar, o desejo surge só depois, e a relação acaba por ser satisfatória, e esta situação é absolutamente normal. O desejo sexual não é sempre espontâneo, e não ter desejo sexual espontâneo é absolutamente normal».

Contudo, pouco mais de 15% das mulheres têm relações sexuais com muita frequência. Grande parte (44.9%) tem relações ocasionalmente, apenas porque o parceiro quer, e 39.3% refere mesmo não ter nunca.

Um desejo flutuante 
Ana Carvalheira recorda que o desejo feminino foi sempre mais difícil de estudar e, desta feita, a sua compreensão constitui ainda um importante desafio. Mas salienta:

«O desejo sexual feminino é contextual e flutuante. O desejo masculino é mais constante. O desejo das mulheres flutua em resposta ao ciclo menstrual, estados emocionais, níveis de stress, entre muitos outros factores. A motivação das mulheres é altamente sensível aos contextos interpessoais positivos e negativos, e cada mulher define esse contexto com a sua subjectividade. Assim, o desejo sexual não é um fenómeno isolado no ciclo da resposta sexual feminina: por um lado, em roda-viva com a excitação sexual, por outro lado, sob influência de uma multiplicidade de factores».

 

 

É, no entanto, possível chegar a algumas conclusões. Ana Carvalheira diz que o desejo e a excitação nas mulheres têm algumas particularidades, nomeadamente:

1º As mulheres têm uma diversidade de motivações para o envolvimento sexual; 
2º O desejo sexual é afectado pela duração das relações, sendo mais afectado o desejo das mulheres em relações de longa duração;
3º Muitas mulheres sexualmente saudáveis não experienciam desejo sem haver estimulação sexual;
4º A excitação sexual das mulheres não se reduz à lubrificação vaginal (apenas 43.4% identifica a sua excitação sexual através da lubrificação ou outras sensações genitais)
5º A excitação sexual nas mulheres é sobretudo de excitação mental subjectiva, o que nem sempre é consonante com a resposta corporal.
6º A experiência da excitação sexual nas mulheres é complexa. Muitas mulheres não distinguem claramente entre desejo e excitação. Mas, segundo a autora, muito provavelmente a distinção não tem de ser feita porque se está a falar da mesma coisa.

Orgasmo no feminino
Além do desejo sexual, o estudo abordou a resposta feminina relativamente ao orgasmo, fantasias sexuais e masturbação. Poderá dizer-se que a maioria das mulheres portuguesas estará satisfeita nesta área.

Segundo o estudo, 22.7% das mulheres atinge sempre o orgasmo, 42.8% diz ter orgasmos quase sempre e 17.4% diz ter algumas vezes. Apenas 3.6% das portuguesas inquiridas neste estudo afirmam nunca ter orgasmos.

Mas nesta análise há que ter em conta que o tipo de relação sexual praticado também influencia o alcance do orgasmo. Segundo o estudo, 16.5% das mulheres atingem o orgasmo apenas no coito vaginal, 14% têm orgasmo na masturbação ou no sexo oral mas nunca no coito vaginal, 11.8% das mulheres têm orgasmo apenas na masturbação e 5.5% apenas no sexo oral.

Um dado adicional sobre o orgasmo nas mulheres que têm companheiros estáveis dá conta de que mais de metade destas mulheres gostaria de receber do parceiro mais e/ou melhor estimulação sexual. «Este dado mostra a importância de receber estimulação adequada e suficiente, e os estímulos que foram eficazes no passado podem já não ser no presente», refere a investigadora.