Etiqueta do sexo casual
Quando a coisa esquenta, as dúvidas são sempre as mesmas. Na minha casa ou na sua? Dividir a conta do motel ou deixar que ele pague? No dia seguinte, então, a situação complica ainda mais. Tomo café da manhã ou vou embora? Será que pega mal tomar um banho? Mesmo que ele diga para ficar, não é melhor cair fora? Sexo casual pode ser gostoso, mas as regras dão um verdadeiro nó na nossa cabeça.
Mundo pequeno...
Desfrutar dos prazeres anônimos que a vida nos reserva requer jogo de cintura e bons modos. Ainda que você não esteja interessada em nada além daquela noite, educação é fundamental. Afinal, é um momento de grande intimidade - mesmo com um mero desconhecido. Vai que você descobre que o amante da noite passada trabalha na sua empresa? O mundo é pequeno e algumas regras valem sempre, seja no carro, no banheiro da boate ou no motel.
O publicitário Carlos Magalhães, 31 anos, viveu uma dessas coincidências. Mas a constrangida foi a mulher. "Numa boate, eu já vendo tudo dobrado, convidei uma mulher mais chapada do que eu à minha casa. Bastou deitar na cama para apagarmos. Não havia a menor condição de rolar nada. Quando acordei, preparei café da manhã, coloquei música, tudo pra curar a ressaca. Quando começamos a conversar, descobrimos que eu havia estudado com o irmão dela, e já nos conhecíamos. Pra mim, a situação foi engraçada, mas para ela, um vexame. Ficou sem graça, envergonhada, pediu um táxi. Nunca mais a vi. Nem o telefone atende mais", conta Carlos.
Há quem não se incomode com a reputação. Adepta confessa do sexo casual, Karla Reis*, 25 anos, deixou toda a cartilha de bons modos de lado em uma situação pra lá de constrangedora. "Conheci um holandês num bar. O clima foi rolando, tomamos muitos drinks e, quando percebi, estava chegando com ele na minha casa. Estava tão bêbada que "esqueci" que morava com meus pais. A noite foi ótima, mas na manhã seguinte tinha que levantar supercedo para trabalhar. Foi aí que me toquei de que precisava bolar um plano de fuga para o coitado", recorda.
Faça o teste: Que tipo de solteira você é?
Karla conta que, sem opção, trancou o holandês no quarto. "Precisava tomar banho e me arrumar, não tinha jeito. Imagine se minha mãe entrasse ali? Seria constrangedor! Mandei o gringo ficar quieto e deixei-o escondido até a hora de sair de casa. Depois dessa, foi bye-bye e até nunca mais!", lembra. "Ele não deve ter entendido nada. Saiu de lá me achando uma maluca, nem me importei. Foi horrível, mas sabia que nunca mais iria olhar na cara dele mesmo", assume.
Conheça um kama sutra sob medida para vocês
Siga essas dicas
A professora de artes sensuais Stella Alves não aprova a atitude. "Convidou para a sua casa e precisasair cedo no dia seguinte? Deixe claro desde o início o horário em que terão que acordar para sair. Assim você evita o constrangimento de expulsá-lo", recomenda. Da mesma forma, se estiver na casa dele, a boa educação continua valendo. "Ir embora sem dar tchau, jamais. Se acordar antes, espere um pouco e acorde-o com a finalidade de se despedir. Se vier um convite para o café, ótimo. Se não, o melhor é dar uns beijinhos e partir. Tudo vai depender de como rolou o clima à noite”, avalia.
Para a hora da volta pra casa, Stella Alves aconselha: "O melhor é não esperar pela oferta de carona e pegar um táxi. Se ele insistir em te levar em casa, não há problema em aceitar", garante Stella. Simples assim.
O escritor Eduardo de Araújo*, 30 anos, aposta no cavalheirismo. "Educação nunca fez mal a ninguém. Nada como uma boa noite ao lado de uma pessoa, mesmo que seja a primeira vez. Pagar um drink na balada, para demonstrar interesse, não derruba o bolso nem o respeito", acredita.
Eduardo não vê problema algum em levar a eleita para casa. "De repente nem dá tempo de chegar no motel, vai no banheiro da boate ou dentro do carro, vá saber. Mas se vai rolar uma virada na noite, por que não levar pra casa? Pelo papo se percebe se dá para confiar e oferecer a segurança do nosso lar a uma estranha. Se tudo indica que vamos acabar na cama... Tudo bem que, provavelmente, vai ser uma vez só, mas não é por isso que vou deixar uma má impressão”, jura. Ah, se todos pensassem assim.
Dividir a conta do motel ou não?
Não vá se animando, achando que todo desconhecido será um poço de gentileza. A advogada Bianca Porto* lamenta. "Não pago motel de jeito nenhum. Acho um abuso eles pedirem para dividir. Uma noite me deparei com um verdadeiro "homem de Neanderthal". Estávamos no motel e, na hora de pagar, ele disse que esqueceu o cartão e o cheque. Era um pé-rapado que, ainda por cima, tinha consumido metade do frigobar", conta a advogada, que não caiu na história. "Se ele tinha esquecido ou não, nem quis saber. Disse um "ai, que pena", dei tchauzinho, peguei um táxi e fui pra casa. Como ele saiu de lá, não faço idéia", diz Bianca, sem dó nem piedade.
Rodrigo Guimarães*, 31 anos, concorda com Bianca. "O homem sempre deve arcar com o custo do motel. Fui educado em uma família em que homens pagam a conta, mas as gerações mais novas não têm esse hábito. Essa historinha de estar sem a carteira é uma grosseria", acredita, garantindo que jamais faria o mesmo.
Para especialistas no assunto, não há regras rígidas. Laura Muller, autora do livro "500 perguntas sobre sexo", explica: "A mulher deve pensar se está se sentindo à vontade para dividir ou se gostaria que ele pagasse a conta. Encontre a sua resposta. Cada pessoa é diferente da outra e deve escolher o que combina com seu estilo de ser", conclui Laura. Já a professora de Stella Alves avalia: "Temos que levar em consideração que a condição socioeconômica da mulher mudou. A etiqueta se baseia em uma cultura mais antiga, mas hoje somos independentes financeiramente".
Na corda bamba entre a independência e a etiqueta, que tal um meio-termo? "Quem deve pagar é quem convida. Se foi a mulher, ela deve assumir o débito. Se foi ele quem convidou, ele paga. Mas ambos podem oferecer ajuda, desde que sem ofender o outro", resume Stella. Nada mais prático!
Vale tudo de primeira?
Na hora de apimentar as coisas debaixo do lençol, a regra é a mesma. Entre quatro paredes, vale tudo, mas o bom senso impera. "Para saber até onde deve ir, você precisa antes se perguntar até onde querir. Quer fazer sexo oral, anal, masturbação ou prefere não fazer nada disso? No meio do clima de sedução pode ser que sua opinião mude. Você precisa se sentir à vontade para fazer isso ou aquilo. A pior mancada é seguir um roteiro fixo. Deixe as coisas acontecerem naturalmente, sem programação.